ACOMPANHE ESSE BLOG DE PERTO!

6 de jun. de 2012

Sugestões para as famílias de crianças com baixa visão

Mara Olympia de Campos Siaulys

[ Mara Olympia de Campos Siaulys é pedagoga especializada em deficiência visual pela Universidade de São Paulo. Mãe de Lara, que inspirou seu trabalho com crianças deficientes visuais, levado-a à criação da Laramara, que preside atualmente. ]

APRENDENDO JUNTO COM PAPAI E MAMÃE
Apresentação
Nosso objectivo ao elaborar este manual com ideias e propostas a respeito da educação de crianças com baixa visão é facilitar a tarefa dos pais e contribuir para que elas adquiram melhores condições de integração social. Ele não deve ser entendido como um guia cujas indicações necessitem ser seguidas rigorosamente. A realidade de cada família mostrará qual o melhor caminho a ser trilhado, ao aproveitar as sugestões aqui citadas, que deram certo em nosso trabalho. A maior parte destas ideias, somada às da própria família, poderá ser utilizada em situações do dia-a-dia. Geralmente comete-se o erro de proteger demais a criança com baixa visão, cercando-a de cuidados exagerados; ela pode e deve participar da maioria das experiências comuns às crianças de sua idade. Nossa actuação durante muitos anos nesta área mostrou-nos que, com muito amor e boa orientação, essas crianças podem se desenvolver plenamente. Porém, somente a participação, o envolvimento e a crença da família nas possibilidades de seu filho proporcionarão condições para que ele se torne uma pessoa feliz e realizada.

Papai e Mamãe: seu filho tem um problema visual! Ao examiná-lo, o médico oftalmologista verificou que ele enxerga pouco, tem dificuldade para reconhecer cores, formas, objectos e figuras. De acordo com a necessidade de seu filho, ele indicou cirurgia; receitou remédios; prescreveu óculos e orientou o uso de auxílios especiais (como por exemplo, lupas e telescópios) para actividades escolares e do cotidiano. O diagnóstico e as recomendações do oftalmologista são fundamentais para o trabalho de todos os profissionais que acompanham o desenvolvimento de seu filho. Compareçam às consultas marcadas, não esqueçam o prazo para marcar os retornos, façam as avaliações indicadas. Perguntem ao médico e aos outros profissionais como, explicar de maneira simples a deficiência visual de seu filho. É preciso que vocês e ele saibam dizer, quando uma m pessoa perguntar, o nome do problema, suas características, o quanto ele enxerga. É importante também que vocês conversem com os pais de outras crianças com deficiência visual, para aprender a forma de solucionar problemas e trocar experiências. Se compreenderem perfeitamente a deficiência de seu filho, poderão planejar melhor sua educação. É normal que essa seja uma situação difícil para vocês, mas é preciso agir rápido e procurar a ajuda de profissionais especializados. Não esqueçam, contudo, que vocês são os principais educadores de seu filho, seus primeiros e melhores orientadores. Depende de vocês a oportunidade dele se desenvolver, ser uma pessoa realizada, integrada à sociedade e feliz. A comunicação e o amor no ambiente familiar são fundamentais para que ele se sinta seguro e cresça bem nos aspectos emocional, afetivo, mental e físico. Não neguem a deficiência da criança, pensando que o problema é pequeno e pode ser ignorado. A falta de atendimento adequado, o mais cedo possível, poderá levar a graves conseqüências. Não esqueçam que ver é uma actividade que deve ser aprendida, o uso eficiente da visão pode ser alcançado e é muito importante que a criança seja ajudada nesse aprendizado. A visão é muito importante para o desenvolvimento humano e é o principal sentido para se aprender tudo sobre o ambiente. Se a criança não puder usá-la integralmente, devemos tomar providências urgentes para que a pouca visão existente seja aproveitada ao máximo, e para que ela empregue os outros sentidos (audição, tacto, olfacto, paladar) e todo o corpo no aprendizado e no entendimento do mundo que a rodeia. Somente assim ela terá a oportunidade de progredir, de se tornar independente, de freqüentar a escola, trabalhar, produzir e se realizar. As considerações, propostas, ideias e sugestões que apresentamos a seguir, resultaram de experiências vividas, ao longo de nosso trabalho, com crianças que têm baixa visão. Vamos dirigi-las a você, mamãe, desejando que as tarefas diárias se tornem mais leves e as brincadeiras com seu filho ou filha, mais prazerosas; e a você, papai, vovó, vovô, tio, irmão, amigo, que convive e interage com a criança.

O respeito às limitações e ao ritmo da criança
A criança que vê bem, aprende muito por imitação. A criança que enxerga pouco, não podendo imitar, precisa desenvolver o uso da visão e dos outros sentidos para entender e fazer as coisas. É necessário que lhe ensinemos movimentos e posturas, não só os complicados, mas até os gestos e trejeitos mais corriqueiros. Seu aprendizado poderá ser muito lento e ela demorar para descobrir e compreender tudo, necessitando mais tempo para identificar e entender um objecto. Portanto, desperte sua curiosidade e deixe que ela o manipule e aja sobre ele o tempo que precisar, respeite seu ritmo, não procure forçar nada. Talvez ela veja o objecto de forma confusa, ou perceba só uma parte dele. Ajude-a a pesquisá-lo como um todo, suas partes, seus detalhes, os pontos principais e a identificar seu nome, uso e função. Proporcione actividades diversificadas para que possa vivenciar novas experiências e reforçar seu aprendizado. Elogie sempre seu progresso e utilize a crítica de modo construtivo. O controle do que está acontecendo muitas vezes lhe escapa, ela não entende o que se passa. Por esse motivo, pode ser hiperativa, rápida demais em sua movimentação e não prestar atenção a nada. Como não consegue ver claramente as coisas, não se detém nelas. Incentive-a a parar para ver, observar, analisar e entender. Se ela ficar cansada depois de olhar e prestar muita atenção a um brinquedo, mude de actividade, varie a brincadeira ou, simplesmente, deixe-a descansar. A criança também pode apresentar alterações de comportamento: às vezes, ela se mostra desatenta e tem tanta dificuldade para aprender que poderá passar por preguiçosa ou com deficiência mental. Pode ainda manifestar maneirismos, movimentos repetitivos, girar ou mover a cabeça, esfregar os olhos, balançar as mãos ou os dedos diante dos olhos etc. Devemos incentivá-la a substituir tais movimentos por actividades interessantes, como brincar com bola, manipular brinquedo com as duas mãos, correr, etc. A adaptação do ambiente Mesmo que a criança enxergue muito pouco, é importantíssimo que seja estimulada a olhar. Quanto mais ela usar a visão, mais aprenderá a ver. Ajude seu filho a descobrir a alegria de ver, ser curioso e conhecer o ambiente pelos olhos, mãos e corpo, desenvolvendo a inteligência e se transformando em um ser pleno. Enriqueça o ambiente com coisas bem coloridas. Use cores vivas (vermelho, azul, amarelo, laranja) e cores contrastantes (preto e branco, amarelo e preto). Os brinquedos coloridos, sonoros, com movimento despertam a atenção e a vontade de brincar. Deixe-o posicionar a cabeça, o olhar ou mesmo aproximar-se para examinar atentamente o objecto e usar o tacto para explorar as coisas não pode ver. Explique-lhe o funcionamento do brinquedo, indique o nome e converse com ele sobre o que está descobrindo. Controle a iluminação do ambiente, conforme a necessidade de seu filho; alguns precisam de maior luminosidade, outros preferem ambientes menos claros. Organize o espaço mantendo as coisas em seus devidos lugares, para que ele possa encontrar com facilidade seus objectos e brinquedos. Evite ao máximo mudar os móveis de lugar, mas se o fizer, avise-o com antecedência e mostre-lhe a mudança. Ajude-o a arrumar e a organizar seus pertences, ensine-o a dobrar roupas, a pendurá-las, colocá-las nas gavetas e a guardar os brinquedos no lugar certo. Elimine perigos não deixando nada jogado no caminho, para evitar que ele tropece. Cuidado com o fogão, ferro elétrico, tomadas e fios soltos. Remédio, produto de limpeza, veneno, inseticida, objectos com ponta ou borda cortante e a tesoura devem ficar fora do alcance da criança. Atenção para dobras nos tapetes, evite encerar pisos para que eles não se tornem escorregadios. Mantenha as portas totalmente fechadas ou totalmente abertas, evitando que ele bata a cabeça na quina.

O conhecimento da casa
A criança deve conhecer e estar bem familiarizada com sua casa. Oriente-a e mostre-lhe a localização de cada cômodo, portas, janelas, cortinas, móveis, armários e gavetas. Explique para que servem e deixe-a, se possível, manipular os aparelhos como: geladeira, televisão, aparelho de som, forno de microondas, fogão, máquinas de lavar roupa, de secar, e de lavar pratos. Identifique com ela os ruídos de cada parte da casa, som de campainha, torneiras, máquinas, etc. Explique-os. Se necessário, utilize pistas sonoras, olfativas e táteis para reconhecimento dos diferentes locais da casa. Por exemplo: o tic-tac forte de um relógio na sala, um sininho que ele acione ao passar para a cozinha, um perfume gostoso no banheiro, faixas coloridas e táteis na porta de seu quarto. É importante também que ela conheça as áreas externas de sua casa. A porta da frente pode ser identificada por um elemento sonoro ou um capacho, por exemplo. A saída para o jardim ou para a rua tem que ser muito conhecida. Cada detalhe da entrada da casa deve ser familiar: a existência de escada, o número de degraus; o jardim, as plantas; a porta, o portão, as chaves e trincos; a entrada de carro, o rebaixamento da guia. O fundo da casa, a área de serviço, o quintal, as plantas... tudo bem explorado e conhecido. No caso de morar em apartamento, é útil a familiarização com o número de andares e de apartamentos, com elevadores, escadas, garagem, parque e vizinhança. A experimentação, a vivência do dia-a-dia, complementadas por comentários constantes, vão permitir que o seu filho domine tal conhecimento, possa descrever sua moradia a qualquer momento e, principalmente, tenha segurança nas suas actividades da vida diária.

A independência para alimentar-se, fazer sua higiene e vestir-se
Comece muito cedo a ensinar seu filho a realizar suas actividades do dia-a-dia. Desde pequeno, ele deve participar das refeições familiares, mesmo que isto signifique algum transtorno para os outros membros da família. A hora da refeição é muito útil para ele aprender como se portar à mesa, participar das conversas, conhecer diferentes comidas, utensílios e para estimular os sentidos. A princípio deixe que ele pegue os alimentos com as mãos para que conheça sua forma e consistência; diga-lhe seus nomes, deixe que sinta seu aroma e sabor e comece a demonstrar suas preferências. Aos poucos, ele aprenderá a identificar os sabores: doce, salgado, azedo, amargo e picante. Oriente-o a utilizar colher ou garfo e ajude-o a usar faca e guardanapo. Deixe-o preparar seu próprio sanduíche, mostre-lhe como cortar o pão, passar manteiga, geléia ou requeijão; ensine-o a preparar seu suco de frutas, natural ou não, adoçar, mexer com colher, abrir a garrafa de refrigerante, colocar no copo ou usar canudinho. Sempre que possível, dê-lhe as frutas inteiras para que conheça sua forma, textura e aroma. Deixe-o descascar e morder maçã, pêra, banana, mexerica e outras frutas. Comente a origem dos alimentos - carnes, peixes, aves, vegetais - e como eles são preparados: cortados ou inteiros; crus, fritos, cozidos ou assados; com sal, pimenta, molho; quentes, frios ou gelados. Incentive-o a participar da preparação de doces, pudins, gelatina e bolo. Será uma experiência muito boa. Deixe que ele abra a geladeira e o armário e escolha seus alimentos, ajudando-o a lembrar de quando os comprou no supermercado. Mostre-lhe como abrir as embalagens e insista nos nomes e nos sabores: bolacha, iogurte, gelatina e bala de morango, de limão, de mel... Associe os horários das refeições com fatos que acontecem na vida da família e comente os alimentos mais consumidos em cada uma, conforme o costume de sua casa.
Seu filho deve ser incentivado a fazer sozinho a sua higiene. Ele precisa identificar e utilizar corretamente escova de dentes e de cabelo, sabonete, pente, cotonete, shampoo, talco, desodorante, esponjas e secador de cabelos. Ele deve conhecer a localização das peças do banheiro e saber manejar descarga, torneiras e chuveiro. Quando pequeno, na hora do banho, você pode ajudá-lo a reconhecer partes do seu corpo; nomeie-as à medida que o ajuda a passar sobre o corpo a esponja ou a toalha de banho. A brincadeira com potinhos, vasilhas, bonequinhos e com espuma é muito interessante. Sentir a temperatura da água, nomear as diferenças, distinguir entre o banho na bacia, na banheira, no chuveiro, tudo isso o ajuda a tornar-se mais seguro e independente. Organizar suas roupas nas gavetas, dobrá-las e pendurá-las nos cabides são tarefas que ele pode desenvolver com você. Não se esqueça levá-lo junto quando for comprá-las. Combinar as peças de acordo com a cor ou a textura, adequá-las às estações do ano e à temperatura, usá-las de acordo com a moda ou a situação, eis aí um aprendizado que requer tempo, paciência e dedicação da família e da criança. Identifique com ele o nome de cada item do vestuário, parte da frente e de trás, avesso e direito, calças compridas e curtas, peças externas e íntimas, uniformes; os diversos tipos de calçado e seu uso: tênis, sapato, bota, chinelo. Explique-lhe a necessidade de lavar a roupa usada, mostrando-lhe como lavar, secar, passar a ferro. Explique-lhe como abotoar usar, zíper, fechar com velcro, amarrar e dar laço. É importante que ele aprenda a usar lenço de papel ou de tecido para assoar o nariz.

O desenvolvimento dos sentidos
É fundamental que você incentive seu filho a usar a visão em todas as oportunidades. Na vivência diária, encoraje-o a explorar o ambiente, a localizar e a identificar objectos, formas e figuras; a reconhecer cores. O importante é desenvolver o gosto de ver, por isso não o force, proponha actividades prazerosas, brincadeiras e jogos. Estimule a criança a usar ao máximo sua visão, mas não se esqueça de que é essencial que ela eduque seus outros sentidos: audição, olfacto, paladar e tacto, pois isso vai ajudá-la no reconhecimento de coisas que existem no ambiente às quais ela não tem acesso por causa da baixa visão. O desenvolvimento dos sentidos não ocorre naturalmente, é preciso educá-los, aproveitando para isso as actividades de alimentação, higiene e vestuário. Também os brinquedos são bons recursos para incentivar o uso da visão, pois são interessantes, têm cores e formas variadas e representam um desafio para a criança. A audição é um grande auxiliar para a identificação de ambientes internos e externos pela pessoa com deficiência visual. Podemos chamar sua atenção para vozes, passos, campainhas, barulhos de máquinas, de abrir e fechar portas e janelas, de rodos e vassouras, de esguicho, balde, torneiras e descargas, em áreas internas; na rua, para o barulho de carros, caminhões, ônibus, trem, sirene, pássaros, vozes de pessoas ou animais, bolas, sinos, sons musicais, vento e chuva. Ruídos característicos de certos locais são interessantes para seu reconhecimento: supermercado, igreja, parques, aglomerações humanas, etc. É útil para a pessoa com deficiência visual saber identificar os diversos odores. Pelo olfacto, ela pode associar o local ou o objecto ao seu aroma característico, como por exemplo: farmácia, açougue, padaria e posto de gasolina; cozinha, banheiro e jardim; chocolate frutas, café e erva-doce; álcool e desinfetante. A oferta de alimentos com os diferentes sabores - doce, salgado, azedo, amargo e picante - pode ser usada na estimulação do paladar. O tacto é um sentido essencial para a percepção do espaço pela pessoa com deficiência visual. Todo seu corpo em movimento é utilizado nesse reconhecimento. Entretanto, as mãos e os dedos são as partes mais sensíveis, sendo o toque e o manuseio dos objectos fundamentais para o conhecimento de forma, tamanho, peso e textura. A criança com deficiência utilizará todos os sentidos para complementar a baixa visão. Daí a importância deste trabalho de forma integral, possibilitando a ela uma melhor compreensão do mundo.
A importância da brincadeira
A brincadeira é a vida da criança e a forma mais gostosa para ela conhecer o ambiente, movimentar-se, ser independente, desenvolver seu físico, sua mente, sua auto-estima e afetividade. Brincando, as crianças entram em contacto com diferentes cores, texturas, formas, tamanhos, sons e conhecem tudo o que existe no ambiente. Brincar na companhia de irmãos, primos, vizinhos, colegas de escola e amigos é ótimo para a socialização e ampliação do conhecimento. A família precisa facilitar e incentivar a brincadeira, dela participando muitas vezes, pois algumas crianças com baixa visão precisam desse apoio para que desenvolvam o gosto por ela. Brincando de casinha, de escola, de vender, de teatro e de bandinha, a criança vai compreendendo a vida e se preparando para o futuro. Brincar de roda, de esconde-esconde, de bicicleta, de carrinho, de bambolê, de perna-de-pau; de pular corda, chutar bola, pular amarelinha, dar cambalhotas, disputar corridas, tudo isso vai lhe dar oportunidade de movimento, fundamental para que adquira noção de espaço e tempo, desenvolva seus músculos, braços e pernas. Também servem para esse fim os brinquedos parque infantil: escorregador, gira-gira, balança, gangorra e trepa-trepa. Brincar na areia, na água, fazer bolha de sabão, fazer e soltar pipa são actividades de que toda criança gosta. Com brinquedos ou até com objectos comuns da casa, a criança desenvolve suas habilidades para usar as mãos; aprende formas, reconhece objectos, aprende dimensão e peso, entende o que é alto e baixo, pequeno e grande, maior e menor, comprido e curto, largo e estreito, pesado e leve, cheio e vazio. Empilhar, encaixar, rosquear, costurar, enfiar contas são actividades interessantes e divertidas. Montar quebra-cabeça, pintar, desenhar, brincar com massinha ou argila, separar e classificar objectos são ótimos exercícios para seu aprendizado. A brincadeira com pequenos animais domésticos como um cachorro ou um gatinho enriquece sua afetividade. Não podemos esquecer os livrinhos, revistas, discos, fitas e filmes infantis. Nas revistas que a criança folheia, ajude-a a identificar objectos, animais, pessoas; chame a atenção para cores, formas e nomes. Deixe-a recortar as figuras e colá-las em um caderno ou em folhas de papel e anime-a a fazer uma exposição. Com os livros infantis ilustrados aprenderá a usar melhor a visão, a prestar atenção a detalhes, a interpretar cenas, e também ampliará seu vocabulário. Deixe-os sempre ao alcance de seu filho, leia para ele, incentive-o a ler.

A participação social
O relacionamento com amigos e vizinhos, a participação na comunidade da escola, da igreja, do bairro, tão importantes para todos, oferecem muitas oportunidades para a criança aprender e educar-se para a vida social. Seu filho deve participar de passeios, visitas, festas, reuniões, compras e viagens. Assim, ele vai se familiarizando com o que existe nas ruas: o trânsito, semáforos, telefones públicos; pode andar em diferentes tipos de veículos (carro, ônibus, trem, metrô);usar escada rolante e conhecer diversos tipos de estabelecimentos comerciais: loja de roupas, de calçados, de discos, supermercado, açougue, padaria e floricultura. Incentive-o a conhecer muitas pessoas, conviver com parentes e amigos, participar realmente da vida familiar. Aproveite para orientá-lo sobre comportamento social: cumprimentar, despedir-se, agradecer, pedir licença, conversar ao telefone. Ao apresentá-lo às pessoas, deixe-o falar de si, seu nome, idade, gostos. Nas diversas situações familiares e nos grandes acontecimentos sociais, comente os sentimentos (amor, alegria, tristeza, aborrecimento, raiva) e os fatos (nascimento, saúde, festa, dor, morte). Associe expressões faciais e gestos correspondentes a sentimentos e peça que ele os imite: cara de bravo, de alegre, de triste, etc. Antecipe situações pelas quais ele deve passar, explicando, por exemplo, como é uma consulta ao médico, ao dentista e converse depois sobre como ele se sentiu em tais ocasiões. Todos os eventos familiares (casamento, nascimento, Natal, Páscoa, formatura, batizado) e sociais (carnaval, festa junina) podem ser comemorados, explorando a oportunidade para explicações, comentários e, principalmente, para a criatividade da própria criança: enfeitar a casa, embrulhar o presente, escrever o cartão, enviar telegrama, telefonar, escolher e preparar sua roupa, fazer doces e salgados. O aniversário da criança é a data mais importante para ela. Procure fazer uma comemoração, por mais simples que seja. O importante é o carinho da família, o canto de Parabéns a Você, o soprar a velinha, o presentinho, enfim, o fato de mostrar que é uma data especial. Se puder, faça uma festinha, convide familiares e amigos e deixe seu filho "curtir" a preparação de enfeites, lembrancinhas, doces, bolo e salgadinhos. A recepção das pessoas, seu nome, o grau de parentesco, o recebimento e a abertura dos presentes, os agradecimentos ampliam de forma agradável sua vivência social. Os comentários sobre a idade, a lembrança de outros aniversários da criança e dos amigos, a memorização da data, a comparação com a idade dos irmãos proporcionam a ela muitos conhecimentos e ajudam a criança a desenvolver a noção de tempo, passado, presente e futuro; antes e depois; os meses e as estações do ano.
A vida escolar
Mesmo com baixa visão, seu filho pode freqüentar creche, pré-escola e escola comum, desde que haja atenção especial para as suas necessidades e a escola receba orientação. Seu filho sentirá maior segurança se a escola toda for preparada para recebê-lo. Os colegas devem saber de sua deficiência visual, tirar suas dúvidas e ouvir explicações a respeito de suas dificuldades. Se o oftalmologista indicou óculos ou outros auxílios especiais (lupa, telescópios, por exemplo), é importante conscientizar toda a família, a professora e as demais pessoas que convivem com ele sobre a importância do uso de tais recursos para melhorar a sua visão, incentivando-o a usá-los. Algumas crianças necessitam de óculos com lentes escurecidas por não suportarem muita luz. O uso de boné quando saem ao sol é aconselhável. Outras crianças precisam de bastante iluminação no ambiente e, principalmente, foco de luz dirigido sobre o objecto ou o texto em que estão trabalhando. Para melhorar o desempenho escolar das crianças com baixa visão, recomenda-se o uso de lápis 6-B, que é bem escuro, nas actividades de escrita, e caneta hidrográfica para contornar os desenhos; estes devem ser bem simples, evitando-se muitos detalhes. As linhas do caderno devem ser reforçadas com caneta preta e a distância entre elas aumentada. No caderno comum, reforça-se uma linha sim e outra não. A letra deve ser bem simples e, algumas vezes, ampliada. Na sala de aula, a criança deve sentar na primeira carteira e ter liberdade de levantar-se para chegar perto da lousa ou mudar de lugar para copiar a lição. A participação da família na vida escolar da criança e o diálogo constante com os educadores são indispensáveis para facilitar a solução de dificuldades que possam surgir. É fundamental a compreensão e a disponibilidade da família para atender às possíveis solicitações da escola (ampliar textos, preparar material etc.), bem como algum apoio à criança na realização de tarefas escolares.

Papai e Mamãe: Esperamos que estas sugestões venham enriquecer a convivência com seu filho. Porém, vocês, melhor do que qualquer pessoa, saberão encontrar a forma própria de comunicação com sua criança. E creiam, ela será única, intensa e norteará esta relação por toda a vida. Acreditem no potencial de seu filho, transmitam-lhe sempre esta crença e, principalmente, respeitem-no como pessoa. A descontração, a alegria e otimismo são essenciais para a interação com crianças, jamais se esqueçam disto! Com determinação, força e muito amor, vocês alcançarão o objectivo maior de todos os pais: ver seu filho feliz.


ж
A publicação virtual deste livro foi autorizada, gentilmente, pela autora. Exemplares impressos contam com ilustração de Moacir Rodrigues e podem ser obtidos gratuitamente junto a Laramara - Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual, à rua Conselheiro Brotero, 338, Barra Funda, 01154-000, São Paulo, SP. Informações pelo telefone (011) 826-3744, Fax: (011) 826-9108 ou por e-mail: laramarabrasil@mandic.com.br
Mara Olympia de Campos Siaulys
Colaboração: Célia Campos Pardo e Maria Alice Rosmaninho Perez
Revisão Técnica: Célia Campos Prado -  Design Gráfico: Z Design - Ilustração: Moacir Rodrigues- Impressão: Gráfica Laramara - Patrocínio: Schering-Plough 


FONTE:  http://deficienciavisual.com.sapo.pt/txt-sugestoespara.htm

Um comentário:

  1. Bom dia, tentei enviar um e-mail para o endereço indicado, mas parece não estar ativo mais. Você teria outro contato por e-mail? Obrigada

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

"Muitas mudanças ocorreram nos últimos vinte anos, quando teve início a prática da Baixa Visão em nosso país. O oftalmologista brasileiro, porém, ainda não se conscientizou da responsabilidade que lhe cabe ao determinar se o paciente deve ou não receber um tratamento específico nessa área. Infelizmente, a grande maioria dos pacientes atendidos e tratados permanece sem orientação, convivendo, por muitos anos com uma condição de cegueira desnecessária." (VEITZMAN, 2000, p.3)

.
.

NÃO ESQUEÇA!....

NÃO ESQUEÇA!....

FONTES PARA PESQUISA

  • A VIDA DO BEBÊ - DR. RINALDO DE LAMARE
  • COLEÇÃO DE MANUAIS BÁSICOS CBO - CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA
  • DIDÁTICA: UMA HISTÓRIA REFLEXIVA -PROFª ANGÉLICA RUSSO
  • EDUCAÇÃO INFANTIL: Estratégias o Orientação Pedagógica para Educação de Crianças com Necessidades Educativas Visuais - MARILDA M. G. BRUNO
  • REVISTA BENJAMIN CONSTANT - INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT